Disse um
dos Grandes Mestres do Saber que o homem nasce livre, mas vive agrilhoado pelos
quatro cantos do mundo. Grande verdade que espanta ao se constatar que ninguém
agarra o homem para lhe por os grilhões como se fazia quando dos navios
negreiros. É o próprio homem que se oferece espontaneamente para ser subjugado
pela força escravizadora. As guerras são demonstração maior da escravidão
consentida. Ninguém vai à casa dos jovens como faziam os nazistas para arrancar
de lá quem estivesse orando, lendo um livro ou namorando e levá-lo arrastado
para ser morto. Mediante um chamado, o jovem veste uma roupa apropriada para o
trabalho de matar, como faz o operário para o trabalho de produzir remédio e,
convencido de serem inimigas pessoas que nenhum mal lhe fez, mata outros jovens
até também tombar morto, quando então será devolvido à família em solenidade
que envolve toque de corneta, disparo de fuzil e rudia de flores, aparato capaz
de conformar os pais que amaram aquele jovem, mas que, no entanto, por força da
força escravizadora, voltam para casa conformados em trazer numa caixinha uma
moeda no lugar do filho que tanto trabalho lhes dera e tantas esperanças
despertou. Ainda hoje, lá pelas bandas dos povos supostamente civilizados, a
imprensa noticia uma destas solenidades em que o primeiro ministro britânico
leva flores ao memorial das vítimas de atentados terroristas. A ninguém ocorre
perscrutar ou esmiuçar em que se fundamenta a aceitação de uma situação em que
jovens são levados a se estraçalharem em explosões de todo tipo sem nem mesmo
saber o motivo pelo qual trocam suas vidas por uma medalha. É o poder da força
escravizadora que leva os jovens à situação do cão que avança à ordem do
caçador. Embora não saibam, os que brigam por causa de Deus, na verdade, brigam
por causa de dinheiro porque assim como os nossos pobres diabos mentais são
convencidos de dar dinheiro em troca proteção divina, do mesmo modo, outras
orientações religiosas levam outros jovens ao fanatismo de cepar fora a cabeça
de outros jovens, sem saber que por trás de tudo isso há um fanático por
dinheiro.
Contrastando
com a condição de total impotência, está a condição de poder mover montanhas. O
que será que faz de capacho quem pode mover nem que seja um murundu? É o hábito
de mandar e o hábito de obedecer simplesmente por obedecer a fonte geradora da
força que faz acreditar ser a melhor das vidas trabalhar em Madureira, viajar
na cantareira e morar em Niterói. Como disse o poeta Adoniran Barbosa, só vendo
como é que dói. Conclui o grande compositor. Então, se dói, prá que fazer uma
coisa que dói? O hábito de simplesmente obedecer dá sumiço na curiosidade sobre
o resultado do que se vai fazer em obediência à ordem recebida. Como não pode
haver nada melhor para mentalidades antissociais do que levar vantagem, contando
com manadas inteiras para ordenhar, os que estão habituados a mandar deitam e
rolam. Como tanto uns quanto outros estão equivocados, é bom que despertem
desta falsa realidade e abram os olhos para outra realidade diferente desta de
ser o mundo propriedade de um bando de bundas brancas. O resultado desse
apossamento foi transformar o mundo numa imensa bomba. Dizem pelaí que há três
navios americanos cutiando a China de longe, de lá do mar, cada um com poder de
fogo equivalente a todo o fogo queimado na Segunda Guerra. E por acaso alguém
se interessa em saber por quê? Não! Nem a quem manda e nem a quem obedece
ocorre questionar ser obrigado a matar ou ser obrigado a obrigar a matar. O
raciocínio do qual resultam as decisões que vão orientar o comportamento da
sociedade humana não pode mais depender de cabeça que esteja apenas em corpo de
rico. Há de se fazer um caldeamento de modo a que um meio-termo venha aparar as
arestas desta esculhambação em que transformaram a organização da sociedade
humana. Falar-se em súditos hoje em dia é grande palhaçada além de total
contrassenso. Como se falar ainda de
reis e súditos sem se meditar a respeito? Pois, lá na terra dos bundas brancas
que pensam serem civilizados, acontece o seguinte fato digno da Idade Média: “Um mar de súditos tingiu Amsterdã de
laranja ontem para se despedir de Beatrix, rainha da Holanda nos últimos 33 anos,
e celebrar a coroação do seu filho, o novo rei Willem-Alexander”.
Se qualquer
Zemané aprendeu que não deu certo a forma de conduzir sociedade humana, o quê,
então, está faltando para que sejam revistos e atualizadas dentro de nova
realidade os hábitos de mandar e obedecer? Não pode haver dúvida de estar tudo
errado. Nenhum argumento justifica que uma vampira do FMI ronde o mundo a sugar
a humanidade, nem está certo que a humanidade se deixe sugar. Por muito menos
que mordida de vampiro, garanto e assino em baixo que meu cavalo Roxoforte antes
de ser mordido por uma simples mutuca tascava o rabo nela sem dó nem piedade. Meu
cavalo Roxoforte era mais gente do que povo é. O resultado do vampirismo que
carreia toda a riqueza para o lado dos bundas brancas e deixa exauridas as
outras bundas de todos os matizes, é que os papagaios de microfone e de escrita
enchem o saco falando da Grécia, mas não falam as verdadeiras razões pelas
quais só falam da Grécia em termos de dinheiro, sem que lhes passe pela cabeça
vazia que a Grécia foi a mãe dos primeiros homens a valorizaram tanto o ato de
pensar que passaram a ensinar não só as vantagem de se pensar, mas também como
fazê-lo, mas ninguém aprendeu. Inté.
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