Fora de
dúvida, o boteco é a melhor escola da vida. Evitá-los é próprio dos ratos de
igreja que nem tocam os lábios em bebida alcoólica, mas empanturram de
refrigerante as tripas feitas por Deus. No Aerobar, do amigo Newtão, rolou uma
historiazinha de uns policiais inconformados por não conseguirem descobrir o
que estava sendo contrabandeado por um conhecido contrabandista que passava por
eles diariamente de bicicleta levando objetos que não eram de contrabando. Como
era sabido que o cara era refinado contrabandista, não aguentando mais a
angústia da dúvida, os policiais propuseram a ele que declarasse o que estava
sendo contrabandeado e eles não tomariam qualquer medida contra ele. A BICICLETA,
declarou o contrabandista. Tão perdidos quanto os policiais da historiazinha também
estão não só a direita política constituída pelos ricos donos do mundo e seus
quebra-faca, os papagaios de microfone, mas também a esquerda política
constituída dos adversários dos primeiros. Em função da impossibilidade de
viver sem consumir, a direita afirma que a sociedade humana estará em melhores
condições se as fábricas dos bens de consumo estiverem sob domínio dos ricos
dono do mundo, enquanto a esquerda afirma ser melhor para a sociedade que as
fábricas pertençam ao povo, no que estão ambas mijando fora do penico porque
não está na posse das fábricas a causa dos males humanos. Eles têm origem na
necessidade exagerada de consumir bens, o que demanda uma quantidade de
fábricas tão grande que destrói os recursos naturais, impossibilitando uma vida
saudável, o que equivale a criar uma fonte de sofrimentos. Portanto, tanto erra
Marx ao depositar na propriedade coletiva a esperança de um mundo melhor,
quanto erram os egressos das Sorbones do mundo ao depositarem esta esperança na
propriedade privada uma vez que às chaminés não interessa saber quem é seu
dono.
Não há
possibilidade de haver comodidade individual enquanto ela não for buscada
coletivamente, o que de modo nenhum acontecerá enquanto estiver neutralizado o
único poder capaz de promover mudança que a natureza deixou a cargo da
juventude, fazendo necessário antes de tudo eliminar as causas das quais
resulte uma juventude alheia ao destino do seu mundo, portanto, de sua própria
vida. Nesta indiferença está a origem de uma sociedade tão desenxabida que
helicóptero de senador é encontrado com quinhentos quilos de cocaína sem que
haja crime, enquanto ladrão de milhões do erário tem direito de não falar o que
sabe e o pedreiro Amarildo é afogado por não poder falar o que tinha roubado porquanto
nada tinha roubado por nunca ter sido ladrão. É este o tipo de ambiente no qual
a juventude se sente bem com sua Caixa de Pandora onde gente tem a cabeça.
É, pois, a
indiferença política da juventude e não a propriedade dos meios de produção a
fonte provedora da infelicidade humana. O Zero do Enem é sintomático da
necessidade de outro tipo de educação para as crianças. Uma educação que leve
os jovens a terem como paradigma pessoas diferentes das “celebridades” e
“famosos” cujo nível de esclarecimento equivale ao do jovem que escreveu ÇIN em
vez de SIM, cometendo três erros numa palavra de três letras apenas, sendo o
primeiro erro colocar cedilha na letra C antes da letra I, segundo erro
escrever C em vez de S e terceiro erro escrever N em vez de M. Inté.
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