A teimosia em
permanecer na mentalidade que orientava o comportamento dos habitantes da
caverna não se reflete apenas na brutalidade de matar. Ela se faz presente
também na necessidade de embelezamento que faz as crianças ficarem embevecidas
ante algo luminoso ou de cor exuberante, e não se limita à fase de criança. Leva
adultos a pintar unhas, abrir buracos nas orelhas, nariz e beiços (inclusive os
de baixo, para quem os tem), para neles enfiar argolas de ouro. Não é também
senão a inocência da vaidade que leva às cirurgias plásticas que enriquecem a
bruxaria do bisturi e da técnica de fazer o tempo andar para trás na pele dos
ignorantes da vida. Até a comida que tem por único objetivo fornecer vigor ao
organismo, e que por isso mesmo deve ser consumida calmamente, com demorada
mastigação, a infantilidade dos adultos faz crer ser importante haver beleza do
prato artisticamente montado. Tudo isso decorre da infantilidade dos primeiros
tempos ainda presente nos ridículos seres humanos que se recusam a envelhecer.
As
informações que os paleontólogos encontram nos fósseis dão notícia da
preocupação com o embelezamento dos toscos utensílios de que se serviam os
seres esquisitos que aprenderam a usá-los. Não deixa de ser extraordinariamente
curioso que depois de decorridas dezenas de milhares de anos a humanidade de
recusa a amadurecer, estando na religiosidade a mais contundente evidência
desta recusa. Todas as explicações para a existência da religiosidade levam
inevitavelmente à inocência, à ausência de conhecimento, realidade facilmente
percebível no simples fato de se observar as multidões que se aglomeram em
torno dos representantes de Deus. Apenas a aparência física de seus componentes
leva o observador a perceber sua simplicidade. Uma pesquisa sobre quantos
livros qualquer um deles teria lido resultaria na resposta NENHUM.
Mas a
infantilidade dos ainda brutos seres humanos se manifesta com total perfeição é
no medo da morte. Os inocentes religiosos que se julgam superiores em
conhecimento fogem dela como o diabo foge da cruz. Para os realmente superiores
em conhecimento, a morte não causa temor. Na página 30 do livro Da morte –
Metafísica do Amor – Do Sofrimento do Mundo, Editora Martin Claret, o Grande Mestre do Saber Arthur Schopenhauer se
refere à morte da seguinte maneira: “Pouco a pouco, com a velhice,
extinguem-se as paixões e os desejos, ao mesmo tempo em que a capacidade de
sofrer a ação dos objetos embota; os afetos não encontram mais nenhum estímulo,
porque a força de representação vai se debilitando cada vez mais, suas imagens
vão ficando cada vez mais descoradas, as impressões não aderem mais em nós,
passando sem deixar traços, os dias precipitam o seu curso, os eventos perdem
sua importância e tudo se reveste de um matiz pálido. O ancião carrega o peso
dos anos, andando de cá prá lá com seus passos vacilantes, ou repousa num
canto, uma sombra, um fantasma do que era antes. Que resta nele para ser
destruído ainda pela morte?”
Há muito tempo os seres humanos já deveriam ter superado a infantilidade
mental que faz deles objeto de uso por outros seres humanos também tão infantis
que encontram motivos para parasitar seus semelhantes. O Jornal do Brasil de
10/01/2017, publica matéria onde se lê: Na política brasileira, a
mentira está sempre a serviço da manutenção do poder. Só é descoberta
depois. No momento em que é transmitida, ela vem com uma roupagem de esperança.
já existe uma tradição na política brasileira de que, através da mentira
eleitoral, é mais fácil ganhar votos.
A mentira na política não é privilégio do povo mais povo do mundo, os
brasileiros. Em função da infantilidade humana, no mundo inteiro aproveitadores
reles levam vida regalada às custas dos eternos enganados. Está aí na imprensa
a notícia de ter sido ampliado o número de robôs a serviço dos enganadores a
disputar as próximas Copas do Mundo. Já não estamos velhos o bastante para
pensar em deixar de ser palhaço? Inté.
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