quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ARENGA 355


Se existisse Deus, Ele bem que deixaria de lado o que disse a Noé sobre nunca mais afogar ninguém, mandava o Arco-íris às favas e tascava outro dilúvio prá cima de nós por causa da mania da manada dizer que Ele é brasileiro. Se até brasileiros, como mostram os jovens, gostariam de não ser brasileiros, imagine se logo Deus vai querer se misturar com a pior laia de espécie de ser vivente já surgido no universo. Isto aqui tá muito mais é prá Satanás. Embora Deus tenha feito todas as maldades contadas na bíblia, o Satanás é que é tido como o maioral nas maldades. Se assim é, nenhum lugar mais condizente com maldade satânica do que esse pedaço de chão onde o transeunte se desvia de bala perdida ao tempo em que pula por sobre pedaços de corpo humano. Esta sociedade que quer bancar a terra natal de Deus consegue ser ainda inferior entre todas as sociedades também espiritualmente inferiores que formam a humanidade. O historiador Edward Mc Nall Burns, no primeiro volume de História da Civilização Ocidental, página 44, conta que os egípcios criaram um sistema de leis ao qual se sujeitava o próprio faraó. Este fato histórico faria corar de vergonha os governantes modernos não fosse ter sido a vergonha varrida da face da Terra. Houvesse algum resquício dela, nunca que a política seria convertida numa tramoia dos diabos a fim de permitir as safadezas que correm por baixo do pano desde a mais humilde prefeiturazinha até o mais requintado dos palácios. Os governantes assumiram posição de donos das sociedades que administram, numa trama diabólica com os donos de imensas caixas-fortes nos infernos fiscais. O blog Outras Palavras dá notícia de que em São Paulo o povo paga doze reais por metro de água, enquanto shoppings, grandes indústrias e faculdades privadas pagam quatro reais. Todas as sociedades humanas assumiram caráter ilógico baseado na manutenção de um estado de inocência das populações impossível de continuar por muito mais tempo uma vez que mais pessoas a cada dia chegam à realidade de não ser verdade o que nos dizem ser verdade. É mentira do tamanho do mundo haver vantagem em abarrotar caixas-fortes de riquezas. O tapa-olho do costume (do sempre foi assim) não deixa perceber a insustentabilidade de um sistema que se baseia em manter todos os seres humanos no papel de uma plateia num espetáculo de hipnotismo com o hipnotizador encarregado de fazê-la de boba. Se nenhum espécime de ser humano concorda em beber água misturada com bosta e comer comida misturada com veneno, mas é isso que faz a coletivamente, é por existir uma força que força o indivíduo a proceder de modo contrário ao modo como procederia se tal procedimento dependesse de sua vontade. Portanto, por traz de tudo que fazemos por conta do que nos dizem ser verdade, por trás dessa “verdade” há um trabalho de hipnotizador fazendo as pessoas de bobas. Quem é obrigado a fazer o que não quer, não tem vontade própria, é conduzido. Entretanto, o mínimo de inteligência que se pode esperar de quem é conduzido seria querer saber pelo menos para onde está sendo conduzido. Mas nem isso a humanidade quer saber. Apenas vai na conversa de escritores cheios de pose que lhe diz ser ideal administrar a riqueza pública considerando os pobres tão insignificantes que até os chama de “material humano”.

Acastelados em palácios e cercados de infinitas pompas e não-me-toques, mordomias que incluem um baú cheio de tesouro prá botar no ombro e levar quando for prá casa depois de ter fingido trabalhar, é nesse ambiente folgazão onde nada pode faltar que vivem os representantes dos governos, na realidade, empregados da sociedade, que se transformaram em donos dela. Os patrões de todos nós não passam de empregados dos donos das caixas-fortes que os colocam nos postos de mando para cumprirem a missão de lhes facilitar as coisas. Desde que se tem notícia da existência das chamadas sociedades organizadas, o que parece piada face à desorganização generalizada, sempre coube aos governados a obrigação de prover os meios materiais necessários para garantir o exercício do governo, o que sempre foi feito, e com sobra. O que não é feito, e que é mais importante do que fazer a riqueza, é empregá-la bem empregada, o que não é em absoluto o que acontece com a riqueza do mundo. Assim não fosse, não haveria tanta pobreza porquanto riqueza é esbanjada até para brincar de fazer Torre de Babel. É de espantar a indiferença em se comprar armas e fazer guerras com o dinheiro de comprar tranquilidade. Mas o efeito do hipnotismo que impede a percepção de não haver motivo para tanta festa já começa a mostrar sinais de fraqueza. Percebe-se isto no medo que assombra as pessoas inteligentes do mundo, como os cientistas que descobriram a possibilidade de um desastre climático capaz de causar grandes destruições em todo o planeta, a ocorrer dentro de algumas décadas no continente americano do norte.

O ser humano ainda é tão estúpido que não percebe a desfaçatez que é o meio social. Estes senhores e senhoras que através de microfones se mostram interessados em civilização, apenas fingem. Caso contrário não seriam todos admiradores ferrenhos do futebola, armadilha para prender a atenção da manada. O futebola é o braço direito do hipnotizador que faz de bobos os seres humanos e é impossível que babaquaras não saibam disso. É falsa a opinião dos formadores de opinião. Válida, infelizmente, para a manada seduzida por propaganda porque, como disse quem sabe onde tem o nariz, a propaganda é a arte de explorar a estupidez humana.

Não existe um só governante em todo o mundo que não se diz ter por interesse maior o bem-estar do seu povo. Embora não passe de mentira, a ninguém ocorre haver algo de estranho. Até escritores famosos e de grande influência não se reservam a um recolhimento recomendado pela experiência de avô e vem a público fazer pose para dizer que esta forma de governar é boa para o povo.  O que se vê, na realidade, é mal-estar geral. Os ricos com medo dos pobres e estes procurando infernizar os ricos até com explosões. Poucos foram os seres humanos que se dedicaram a conhecer a vida. Quem o fez concluiu que o “resto” segue as bobagens que ouve e se dá por satisfeito. Nada é capaz de demover o “resto” da condição de estar absolutamente convicto de ser verdade o que alguém lhe disse sobre a existência de um Deus que cuida do seu destino, crença perniciosa por estimular o desinteresse em participar do destino da sociedade. Inté.

 

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