Considerando ter também o objetivo de
combater o desconhecimento que motivou o autor, transcrevemos aqui, do capítulo
intitulado A IGNORÂNCIA do livro Falando Francamente, do doutor Vinicius Bittencour, estes
pensamentos por se encaixarem como luva em nossa vontade inquebrantável de
mostrar o quanto erram as pessoas deixando a vida acontecer ao acaso, limitando
sua intervenção apenas às atividades grosseiras do mundo material e desprezando
a atividade de meditar sobre o que ocorre em torno de si:
“O flagelo da humanidade não é a
peste, a guerra, a fome, a idolatria, a corrupção ou o crime. O flagelo da
humanidade é a ignorância. Sem ela, essas calamidades não existiriam ou seriam
drasticamente reduzidas. Apesar disso, o homem foge dos livros como o diabo da
cruz. Reencarnando os párias, os impuros ou os intocáveis da velha Índia,
nossos professores vivem na miséria. Os rebentos das classes abastadas
desperdiçam o tempo com televisão e jogos eletrônicos. Os das classes pobres
não têm livros, escolas, professores, nem motivação para estudar. Por toda
parte alastra-se a ignorância. E nela se cevam os políticos, os curandeiros, os
pastores de almas, os publicitários, a mídia eletrônica, a corrupção e o
crime”.
“A peste não existe onde há
saneamento básico, assepsia, higiene. Na Idade Média, entretanto, a peste era
atribuída a sortilégio e combatida com exorcismos. Em vez de matar os
micróbios, cuja existência desconheciam, nossos antepassados matavam as
feiticeiras. A guerra seria evitável se os povos não fossem ignorantes. Como
disse Frederico, o Grande, se os soldados raciocinassem, abandonariam o
comandante na primeira esquina. A fome não ocorre onde não há latifúndios
improdutivos ou explosão demográfica. O fanatismo desaparece quando a sabedoria
arranca a máscara dos ídolos ou sacode seus pés de barro. A corrupção
elimina-se com a vigilância, a efetiva aplicação das leis e a transparência dos
atos administrativos”.
Como se vê, sob pena de padecer
eternamente, a humanidade não pode prescindir da atividade de pensar. A
juventude precisa desesperadamente de se ligar nos ensinamentos dos Grandes
Mestres do Saber. Para tanto é basta trocar algum tempo da futucação de
telefone pela leitura. Só nos bons livros são encontrados ensinamentos capazes
de nos livrar da ignorância que mantém seres capazes de pensar na condição de
manada estourada em direção ao compra-compra, igrejas, axé e futebola, com a
única diferença que a manada é sacrificada para nutrir os seres humanos sacrificados
para nutrir contas bancárias de parasitas sociais.
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