Depois da necessária preocupação em
arrumar a vida dos filhos ou filhas, seria de bom alvitre dedicar alguma
preocupação ao motivo pelo qual os seres humanos ainda não foram capazes de
superar o impasse que os traz envolvidos em questões conflituosas causadas pela
divisão em um grupo que desfruta da produção sem produzir e outro que produz
sem desfrutar da produção. Mais condizente com a condição de seres que não
sabem ser inteligentes seria uma situação em que todos se beneficiassem das
conquistas que aumentam comodidade e bem-estar. Se a selvageria humana não
permite a igualdade ideal, como é de se desejar, não devia permanecer desigualdade
bastante para impedir que se chegasse à contemporaneidade com rusgas entre
capitalistas e operários, como são denominados modernamente os que desfrutam
sem produzir, ou exploradores, e os que produzem sem desfrutar, ou explorados.
Os explorados são engabelados pelos exploradores
com tamanha eficiência que não se acham operários. Discutem nos papos de boteco
não a extinção, mas uma forma mais condizente com suas aspirações o
funcionamento das armadilhas dos exploradores. Instrumentos com os quais os
exploradores exercem a ação exploratória tais como Taxa Selic, Bolsa de
Valores, Taxa de Câmbio, Mercado Financeiro, Spread Bancário, etc., alimentam
proseamentos em vez análises quanto o significado social destes monstrengos
utilizados pela agiotagem.
São os explorados pessoas educadas
para gastar suas energias produzindo a riqueza dos exploradores. O fato de viverem
arrodeadas de pessoas em piores situações, receber em troca de seu sacrifício
recompensa algo superior ao recebido pelas que amorcegam nos corrimãos de
coletivos faz com que estas pessoas se sintam satisfeitas em sua condição de
exploradas, não obstante a realidade de merecerem em troca do esforço
empreendido que lhes consome a vitalidade condições de vida infinitamente mais
confortáveis e menos desgastantes.
A filósofa Marilena Chauí escreveu um
livro inútil como são a quase totalidade dos livros de intelectuais, em
divagações que nada acrescentam à busca por um mundo melhor. Apesar da louvação
de outros intelectuais, o livro de dona Marilena não presta, a começar pela
bobagem de servidão voluntária porque não se é servo voluntariamente. O único
pecado dos seres humanos é não pensar no lado espiritual da vida.
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