sábado, 1 de agosto de 2020

ARENGA 548


Apesar de não ser fácil, é inteiramente possível chegar-se à conclusão de que a humanidade não tem necessidade de ser tão infeliz como é. Mas, assim como não se costuma buscar tratamento para uma doença de que não se sabe ser vítima, não sabendo ser vitimada por doenças que a infelicitam a humanidade não sente necessidade de tratamento. Divisão da sociedade em gatos pingados de demasiadamente ricos que apesar de isentos de impostos merecem maior atenção da máquina estatal, de um lado, e, de outro lado, grande contingente de demasiadamente pobres que apesar de serem sobrecarregados de impostos, recebem apenas o necessário para uma sobrevivência precária, valorizar atividades lúdicas e religiosas e ignorar uma educação que forme cidadãos em vez de robôs programados para futucar telefone e correr atrás de dinheiro, transformar o fornecimento dos bens indispensáveis em fonte de renda de empresários gananciosos, legalizar a agiotagem por meio do sistema financeiro, banalizar a prostituição, são alguns dos muitos males de que a humanidade padece e que lhe impossibilita uma estrutura sadia.
Daí a necessidade de um trabalho visando despertar a humanidade para a realidade de estar doente e precisar de cura. Para tal finalidade em nada contribuem os “Best-Sellers” de intelectuais inúteis. Livros como Capital e Ideologia, de Thomas Piketti, apesar do título sugestivo, não passa de demonstração de erudição inútil que em nada contribui para o desenvolvimento social humano.
Não se aprende nas escolas as causas do sofrimento humano porque o sistema educacional é engendrado para escondê-las. Tive a atenção voltada para esse assunto ao assistir no programa Roda Viva à entrevista do jovem Ricardo Neto. Controvérsias à parte, percebi o quanto por esforço próprio aquele jovem conseguiu penetrar na problemática social humana, embora não tenha conseguido ainda, certamente pela inexperiência face à pouca idade, desvencilhar-se das armadilhas do sistema capitalista que ele condena e que é realmente a fonte da infelicidade do mundo. Quando, ao citar o nome de deus, voltou o olhar para o alto, como faz qualquer analfabeto, ou ao se declarar apreciador de futebola, o jovem deixou ver ser também vítima tanto da religiosidade usada pelos capitalistas como isca para fisgar incautos, quanto da armadilha capitalista do pão e circo mostrada pelo livro O Lado Sujo Do Futebol, de Amaury Ribeiro. Ao se declarar milionário, o jovem revela ter sido conquistado pela cultura capitalista, o que, sinceramente, esperemos não seja verdade. Assim ou assado, cabe a cada jovem empreender por si só seu aprendizado sobre problemas socias e trocar ideias a respeito porque algo precisa ser feito nesse sentido, sob pena de multiplicarem-se as infelicidades que lhes infelicitam.     

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