O trabalho de apenas dois escritores,
Laurentino Gomes e Carlos Amorim, basta para se entender perfeitamente o motivo
pelo qual o Brasil é esta esculhambação. É tudo consequência de um passado de
triste memória. O primeiro escritor escreveu três livros: 1808, 1822 e 1889. Depois
de esmiuçar nosso passado, o autor nos revela coisas do arco da velha, porém
nada edificantes, e que dão razão ao sábio senador que afirmou do auto de sua
sabedoria o seguinte: “Nós somos o resultado daquilo que sempre fomos”. Não é
mentira, não. Esse senador cuja intelectualidade faz inveja aos grandes
pensadores da Grécia, sentenciou que não somos outra coisa senão o resultado do
que sempre fomos. Como sempre fomos
safados, indignos, ladrões e treiteiros, como se pode ver da história contada
nos livros citados, chegamos a um presente ainda mais indigno como resultado do
incremento da indignidade inicial que aumenta à medida que também aumenta o
número dos bichos que formam esta manada ainda longe de ser sociedade.
Do segundo escritor, o livro Assalto
ao Poder, mostra que o futuro do Brasil é ser habitado por imensa quadrilha em
virtude do crescimento vertiginoso de quadrilheiros que tomam conta de
absolutamente todas as instituições públicas e privadas. A perigosa realidade
vivida, entretanto, é simplesmente ignorada e as atenções voltadas para futucar
telefone, espetar jóia na orelha e no rabo, se interessar em saber os lugares
inusitados onde a famosa trepou, ou se o jogador de futebola usa cueca, ou com
quem está namorando algum “famoso” ou “celebridade” destas que tanto encantam a
juventude, mas cuja serventia na realidade não vai além de lavar latrina. Sob a
indiferença da juventude futucadora de telefone, chegou o Brasil a uma população
de bandidos maior que a de pessoas honestas e assumiu posição de maior degradação
moral entre todos os povos do mundo, equiparando-se àquele país africano de
extrema miséria cujo presidente era canibal e que presenteou o então presidente
francês com um enorme diamante. Enquanto os corredores de hospitais são transformados
em vale de lágrima, e a caminho de se tornar vala comum de cadáveres, enquanto cinquenta
mil pessoas são assassinadas por ano, enquanto imensa multidão sobrevive com
apenas um pedacinho de salário mínimo tomado de quem trabalha e usado para transformar
em esmoleres pessoas que poderiam chegar a ter dignidade na vida. A prova de
ainda não haver sociedade no Brasil é a inércia da juventude ante tais
acontecimentos porque a juventude é a força viva de qualquer sociedade. Como a
juventude brasileira é uma força morta, então não há sociedade. Não passa de
ajuntamento amorfo um grupo feito mané-gostoso programado para futucar
telefone, fabricar crianças, consumir drogas, cultivar ignorância de não saber
a diferença entre “come” e “comer”. Sequer tem interessa aos jovens a situação
do ponto de chegada onde eles vão chegar depois da fase do foguetório. A
ninguém ocorre o motivo pelo qual seu país tem a pior contraprestação de
bem-estar social em troca do dinheiro que arrecada, e é também o país que sustenta
a mais cara administração pública do mundo. Tão cara que para subir e descer o
elevador no parlamento ganha-se mais do que um piloto de avião caça. Os bilhões
arrancados da turba ignara pelo leaozão da Receita Federal e pelos leõezinhos
estaduais e municipais, convertidos no erário, são usados do mesmo modo como
são usadas as garrafas de chá ou café nas salas de espera pelaí afora. É um
derrame de dinheiro inexplicavelmente carreado por uma corrupção acima de
qualquer controle. Chegou-se ao cúmulo do absurdo de ser legalizado o roubo do
dinheiro público. Ocupante de cargo público ostenta fortunas roubadas dos
futucadores de telefone, e estes se conformam com justificativas apenas. Sujeito
fica bilionário com dinheiro público, chega lá na sala para ser submetido a
julgamento trazendo um dos juristas que odeiam o doutor Barbosa e que faz sua
defesa: Este homem que vossas excelências tem a obrigação de fingir querer
condenar não pode ter cometido o crime de que vossas excelentíssimas
excelências precisam aparentar rigor na apuração simplesmente porque ele tem um
olho lá em cima e outro lá em baixo. Assim, excelências, não lhe seria possível
dirigir a visão dos dois olhos para um só lugar, o lugar onde estava o
dinheiro. E aí, como dizia a bela jovem do filme Nunca Aos Domingos para
expressar um final feliz: e foram todos para a praia.
Lembra a história de um encontrão
entre dois homens. Um era estrábico, e reclamou do outro dizendo: “vê se olha
por ande anda” ao que o outro respondeu: “e você, vê se anda por onde olha”.
Ainda bem que em meio a tanta tristeza há quem nos brinde com amenidades
agradáveis. Mas a alegria dura pouco porque se nosso passado é capaz de suscitar
constrangimento, o presente é ainda pior. A juventude digna que um dia surgirá,
porque há de chegar esse dia, visto haver também coisas boas no mundo,
excomungará a juventude atual por ser tão inútil que deixou seu país ser tomado
por bandidos sem que ninguém se incomode porque sua única preocupação é com
religião, brincadeiras e ladroagem. Em cada cem jovens estudantes brasileiros
não há um que não saiba quem é Neymar, mas nenhum sabe quem é Artur Avila, um
jovem carioca que ganhou um prêmio equivalente ao Nobel por seus conhecimentos
matemáticos. Por aqui, as qualidades positivas são preteridas em benefício das
negativas. A ignorância dos ignorantes os leva a escolher condenados pela
justiça para postos de mando. O Brasil embarcou num gigantesco aero lula e
entrou numa orgia tão grande que está voando de cabeça para baixo sem saber.
São incontáveis os exemplos de acontecimentos onde a verdade vira mentira e a
mentira vira verdade. Nesse momento de troca do presidente da mais alta corte
de justiça, o STF, vivenciamos a materialização de um exemplo de troca da
verdade pela mentira, situação incômoda para pessoas mais dignas
espiritualmente. Trata-se da matéria publicada na revista Caros Amigos
denegrindo a imagem de um homem honesto e honrado, e enaltecendo outros homens
cujo passado, se vasculhado, revelará serem inferiores àquele a quem denigre.
Está tudo às avessas e é preciso recolocar as coisas em seus lugares atribuindo
valor a quem realmente tem valor. Eis o que a matéria jornalística certamente
comprada pelos de sempre diz sobre o monumento de dignidade Joaquim Barbosa: “As
palavras finais do presidente (esse presidente era o doutor
Barbosa) da corte suprema, depois da
decisão que absolveu os réus da AP 470 do crime de quadrilha, soaram como a
lástima venenosa de um homem derrotado, inerte diante do fracasso que começa a
lhe bater à porta”.
“A arrogância do ministro Barbosa, abatida provisoriamente
pelo colegiado do STF, aninhou-se em ataque incomum à democracia e ao governo”.
"O ministro Barbosa, porém, afunda-se em
um pântano de mentiras e artimanhas antes de ter dado sequer o primeiro passo
para atravessar a praça rumo ao Palácio do Planalto”.
Aí está
uma contundente demonstração de inversão de valores. Os que arranjaram quem os
acomodasse nas sombras do poder lançam impropérios por inveja de ter o doutor
Barbosa chegado lá por seus méritos, além do medo que eles tem de vir o doutor
Barbosa a ser presidente da república, porque quando ele chegar lá, como
chegará, para proteção das criancinhas rechonchudas, deixará de haver o
apadrinhamento como ficou demonstrado em sua atuação firme na defesa da
sociedade durante todo o julgamento do Mensalão, coisa que apavora os mesmos de
sempre. Mas, se deixar os entrementes e passar direto para os finalmentes,
concluir-se-á que essa prosa tá uma prosa. Inté.
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