sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ARENGA CINQUENTA E DOIS


Embora ninguém tenha vista Cristo fazer nada, mesmo porque um estudioso está dizendo que ele nunca existiu, e se assim for não poderia mesmo ter feito nada. Apesar de tudo isto, e admitindo estarem certos os enchedores de igrejas, o trabalho que eles afirmam ter sido feito por Cristo, na realidade, foi muito pequeno levando-se em conta o grande poder que os inocentes religiosos lhe atribuem. Alguém que pensa pensou sobre isso e concluiu que Cristo deveria ter curado a cegueira em vez de curar apenas o cego. É uma grande verdade para quem pensa. Como todo inocente, antes de me tornar menos inocente como sou hoje, há cerca de sessenta anos, quase que por obrigação moral segundo minha ignorância, fui assistir ao filme sobre a vida de Cristo e me lembro perfeitamente de me ter ocorrido haver algo de errado quando ele curou dois ou três leprosos apenas entre muitos.

Mas, fazendo uma condescendência à burrice e admitindo ter Cristo feito muita coisa por esta humanidade constituída de pobres diabos que nada sabem da vida, cujo atestado de burrice foi passado pelos Grandes Mestres do Saber, estes pobres coitados devem despertar para o fato de que hoje quem faz as coisas que Cristo fazia em troca de oração, quer dizer, quem alivia o sofrimento alheio atualmente não quer saber desse negócio de Deus te pague e cobra uma grana que poucos podem pagar. Tem mais aquele negócio de devolver a ajuda com oração, não. Além disso, uma vez que Cristo só curava no máximo um ou dois de cada vez, com o pouquinho de gente que havia naquela época até que dava para aparecer o resultado do trabalho dele. Entretanto, hoje, com cerca de sete bilhões e duzentos milhões de bichos humanos para serem atendidos, de nada valeriam os préstimos do Dr. Cristo, razão pela qual os pobres de espírito aprenderão embora tardiamente que todos dependem exclusivamente do dinheiro. É por isso que de nada adianta ir para as igrejas porque o dinheiro está nas mãos das autoridades e é cá que se deve prestar atenção. É verdade que nas igrejas também há muito dinheiro, mas é outra história. O que nos interessa é aquele que vai formar um bolão chamado erário. Esta palavra muito mais importante para o bem-estar social do que todas as religiões do mundo, não obstante sua importância, a palavra erário é totalmente desconhecida da massa requebradora de quadris. Os papagaios que papagaiam imbecilidades nos microfones costumam falar em erário público, o que significa desconhecimento do significado da palavra, porque ela já envolve o elemento público. Nem poderia deixar de ser público visto ser o resultado das contribuições que cada um entrega ao governo para as despesas com a administração pública. Assim, não tem um dono específico porque pertence a todos, embora pareça pertencer a ninguém dado o descaso que merece de seus donos tão bobos que podem ser enganados tão facilmente como se enganam as crianças a quem um pirulito tem o mesmo significado que tem para os bobos as igrejas, os campos de futebola, o axé, as “celebridades”, os “famosos”, as notícias sobre quem tá comendo quem, sobre o resultado do exame de urina do jogador de futebola, pelaí. Nem sequer desconfiam os bobos da necessidade de se cuidar do erário do mesmo modo como se cuidam dos filhos, ou melhor: o erário merece cuidados ainda maiores que os dispensados aos cachorrinhos e aos gatinhos que exigem cuidados maiores do que o dispensado aos filhos.

Como disse um sujeito que pensava até com o bigode, é preciso escrever em todos os muros do mundo a necessidade de proteger o erário da sanha dos piores tipos de caracteres existentes, aqueles que a sociedade paga para protegê-la e que se transformam nos ladrões desta sociedade, atitude mesquinha de refutar os valores morais, levando junto consigo a sociedade para a vala das imoralidades através do caminho das indignidades. O espírito de rato que caracteriza o brasileiro se propagou de cima para baixo. Como nunca encontrou obstáculo em seu caminho, se transformou em praga de difícil combate. Quando alguém tenta impor moral à devassidão em que se tornou a sociedade brasileira, é logo defenestrado, espezinhado, perseguido, como está sendo o doutor Joaquim Barbosa por enfrentar de peito aberto os quadrilheiros que os outros juízes juraram de pé junto que não são quadrilheiros. Esta situação é inteiramente descabida e deixa apreensivo quem pensa porque se as autoridades encarregadas de proteger a sociedade passam a proteger os inimigos da sociedade, esta juventude imbecil que toma imbecis como líderes estará aprontando um futuro muito ruim para seus filhos. E enquanto a sociedade afunda, a única força capaz de reerguê-la, a juventude, está cuidando é de verdadeiras nulidades elevadas à categoria de gênios. Os filhos dos atuais jovens não terão boas lembranças de seus pais, salvo se forem tão curtos de inteligência quanto eles. Inté.  

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