domingo, 21 de setembro de 2014

ARENGA CINQUENTA E UM


Sendo o objetivo deste malamanhado blog  avisar à juventude que ela pode pensar, uma conversa ouvida sobre os motivos que levam uma pessoa a matar alguém por paixão despertou a idéia de repetir uma prosa sobre paixão na esperança de que a experiência nestes assuntos possa ajudar os jovens a encontrar com mais facilidade um modo menos traumático de atravessar a situação de apaixonado. Quando não há reciprocidade, então, a situação é capaz de se tornar verdadeiro sofrimento para os jovens, cuja inocência os leva a encarar a vida do mesmo modo como encara os primeiros momentos uma criancinha perdida no supermercado e achando tudo muito bonito e divertido. Não é outro o comportamento dos jovens dentro do supermercado da vida. Conhecendo a causa do mal que aflige, fica mais fácil contornar a aflição. O que me capacita a orientar nesse sentido é o fato de Já ter curtido paixão adoidado, e uma maldita depressão. Desta experiência resultou a conclusão de que a paixão é uma depressão cujo fim depende unicamente da presença de alguém. Talvez a paixão machuque mais ainda do que a depressão porque o depressivo não tem interesse em coisa nenhuma e nem pensa em felicidade, enquanto o apaixonado está certo de desejar mais do que nada no mundo, a felicidade ao lado da pessoa a quem acredita ser a única que pode lhe despertar interesse pela vida. Há, portanto, na paixão, a insistência do pensamento em superar o obstáculo entre si e a felicidade, enquanto ao depressivo absolutamente nada interessa.

A cura da paixão quando há um desencontro de interesses faz a porca torcer o rabo porque ela depende (a cura, não a porca) de coincidir o interesse do apaixonado com o interesse da pessoa por quem ele se apaixonou. Do mesmo modo como o apaixonado está convicto de ser fulana a sua felicidade, fulana pode estar convicta de que beltrano é a única coisa que lhe interessa no mundo por ser sua maior esperança de felicidade. E aí, como é que fica? Fica que os jovens só tem a ganhar fazendo pergunta aos velhos e pensar sobre o que eles dizem. Isto aí que estou falando sobre a paixão e a depressão, foram ambas vividas e vencidas. As paixões, pelo tempo, e a depressão, por uma vontade que repentinamente me deu de mandar aquela desgraça prá porra. A paixão é encarada pelo velho de uma forma que é impossível ser entendida pelo jovem porque a paixão do velho não o faz sofrer. Ao contrário, ele tira proveito dela.

O que essa prosa quer dizer é que o ódio é uma forma imprópria de corresponder ao que parece e é chamado de desprezo. Quem odeia alguém por não lhe corresponder os sentimentos, estará odiando talvez um colega também sofredor por também ter se ligado platonicamente em outra pessoa que por sua vez tá com o pensamento lá mais adiante. Falo de cadeira porque já vivi exatamente esta situação. Tava apaixonado por uma mulher que não tinha outro pensamento senão a figura dela, seu riso, e o que tínhamos feito e falado da última vez. Acontece que pouco tempo entes de acontecer essa paixão, eu tinha iniciado um relacionamento muito agradável com outra mulher que logo se tornou assim, digamos, um relacionamento amistoso bem amistoso. Ao tomar conhecimento da minha aproximação com a mulher que se tornou minha paixão, a mulher com quem tinha iniciado um namoro casual (ela era muito agradável) me disse que era para eu me afastar daquela bruxa. É como se eu estivesse vendo aquela enorme contradição. No momento em que ela chamou de bruxa a mulher da minha paixão ela me ofendeu enormemente e me fez pensar sobre a situação da cabeça de cada um de nós naquela situação em que não podia haver ninguém entre eu e a mulher por quem eu estava certo ser minha felicidade, mas que hoje é feliz tão longe que nem sei por onde.

Os jovens vão se ferrar à medida que forem descobrindo o que é inevitável deixar de descobrir à medida que vão passando as estações da vida, trazendo cada passagem um estremecimento dos diabos. É como aquela criancinha perdida entre as prateleiras do supermercado cujo encantamento vai desaparecendo à medida que o tempo vai passando e o desconforto lhe vai perturbando. É a mesma situação dos jovens desinteressados em suas próprias vidas fora do que diz respeito a ganhar dinheiro. Fora isso, nem mesmo lhes interessa a destruição do ambiente que lhe dá vida. Quem foi iluminado por uma partícula de centelha da luz dos Grandes Mestres do Saber percebe a verdade sobre o funcionamento da sociedade e ela está substituída por uma grande mentira que todos tomam por verdade. As coisas estão e cabeça para baixo e precisam ser colocadas em seus devidos lugares. Não pode mais haver bobos tão bobos que se estraçalham pela imbecilidade de um jogo de futebola que já estava decidido antes do jogo ser jogado. Com tal mentalidade, estará ameaçado o futuro das crianças e a ninguém parece interessar tal assunto. As atenções são voltadas para futilidades e dinheiro e é por isso que esse malamanhado blog garante e assina embaixo que desse jeito não vai dar nada certo. Né não? Inté.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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