O bichismo,
tanto quanto as drogas, são problemas sociais unicamente por causa da
ignorância das pessoas que formam a sociedade. Aliás, todos os problemas que a
humanidade enfrenta, como há muito afirmam os Grandes Mestres do Saber, tem
origem bem lá na ignorância. Tirando a ignorância fora, o que fica são pessoas
que gostam de usar droga e pessoas que preferem exercer sua sexualidade de um
modo diferente que só eles sabem como é que é e que só a eles interessa. Então,
olhando direito, não existiria problema algum sem a birra contra quem consome droga
ou contra quem tem seu jeito diferente de exercer a sexualidade. A resistência
às idéias novas, diferentes daquelas a que se está acostumado, é uma coisa mais
que natural nos seres humanos. Entretanto, por maior que seja a resistência,
elas acabam se abancando e prevalecendo. A prostituição já foi considerada
crime, depois virou apenas contravenção penal, mas atualmente prexecas podem
ser compradas pelos telefones anunciados na imprensa. Há também leilão de
prexeca com a garantia duvidosa de ainda não ter sido usada. A prostituição
ficou tão chique que os pais desejam suas filhas por lá, e até tem o poder de
tornar seus praticantes em “famosos” “celebridades” e “escritores”.
Quanto
menor noção tenha a pessoa sobre vida social, ou seja, quanto maior a sua
ignorância, mais difícil se torna superar a ojeriza contra quem usa droga ou joga
água fora da banheira. Interessante é notar que entre os homens há menor
rejeição ao homossexualismo do que entre as mulheres, quando deveria ser o
contrário porque para os homens um cara que não aprecia a preciosidade feminina
é um concorrente a menos. Para as mulheres, entretanto, é um a mais.
A
resistência inútil às mutações sempre foi causa de conflitos, e a poderosa cola
com a qual foi pregada a religiosidade na mente do populacho é a maior e mais
difícil ilusão que precisa ser extirpada do convívio humano. Alguém que se
julga merecedor de milagres é por ser totalmente alheio à realidade da vida,
trazendo em sua personalidade enorme dose de falta de percepção ou de
pedantismo. Se a maioria absoluta da humanidade é composta por quem morre à
míngua por falta do dinheiro escondido nos infernos fiscais, como provam as
mortes pelo ebola, alguém como a candidata religiosa (infelizmente) que vai
ganhar a eleição para presidente da república e que consulta a bíblia antes de
tomar decisões difíceis, confirma com tal comportamento a continuação do
desconhecimento que carrega como consequência de sua origem humilde, uma vez
que superar a ausência de conhecimento sobre a realidade da vida custa caro e
não chega a quem precisa batalhar para se sustentar. Ante tantas pessoas
infelizes, alguém que se julga merecedor ou merecedora das proteções divinas e
seus milagres é alguém que se acha mais merecedor do que as outras pessoas como
um garotinho arrastado pelo asfalto até ficar esfolado e morrer em sofrimento
sem merecer a atenção de nenhuma divindade.
A única
coisa de que precisamos para viver melhor é encarar a vida com a simplicidade
com que age a natureza. Entretanto, a necessidade de complicar, faz com que
esta simplicidade se torne complexidade ao se acreditar que a beleza dos lírios
do campo tem algo a ver com a religiosidade dos pobres de espírito e de
conhecimento de sociabilidade. Cada ser humano é uma ilha num mar de
falsidades. Estamos numa situação tão esquisita que nossa história é tocada por
acasos, como diz o Arnaldo Jabor, que às vezes fala coisas sensatas mesmo sendo
defensor do capitalismo, fonte de infelicidade e inquietação por se fundamentar
na competição, quando a paz da qual nasce o bem-estar só pode ser alcançada através
da cooperação necessária para não haver tanta discrepância entre as exibições
na revista Forbes e nos corredores do hospital.
Tudo indica
que do governo da presidente religiosa sairão soluções como as do papa uma vez
que ninguém entende mais de bíblia do que ele. Entretanto, para mostrar ação,
anda o papa a pedir paz aos que matam indistintamente inocentes crianças em
nome de Deus. Alguém é capaz de admitir algum resultado desses apelos?
O amigão Edmilson
Movér, o ensaísta, reclamou por eu ter atribuído nossa falta de sorte aos
urubus, nossos amigos provedores de limpeza, segundo ele. Mas que estamos
cagados de urubu, não resta dúvida. Inté.
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