segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A PRESIDENTE E A BÍBLIA


O bichismo, tanto quanto as drogas, são problemas sociais unicamente por causa da ignorância das pessoas que formam a sociedade. Aliás, todos os problemas que a humanidade enfrenta, como há muito afirmam os Grandes Mestres do Saber, tem origem bem lá na ignorância. Tirando a ignorância fora, o que fica são pessoas que gostam de usar droga e pessoas que preferem exercer sua sexualidade de um modo diferente que só eles sabem como é que é e que só a eles interessa. Então, olhando direito, não existiria problema algum sem a birra contra quem consome droga ou contra quem tem seu jeito diferente de exercer a sexualidade. A resistência às idéias novas, diferentes daquelas a que se está acostumado, é uma coisa mais que natural nos seres humanos. Entretanto, por maior que seja a resistência, elas acabam se abancando e prevalecendo. A prostituição já foi considerada crime, depois virou apenas contravenção penal, mas atualmente prexecas podem ser compradas pelos telefones anunciados na imprensa. Há também leilão de prexeca com a garantia duvidosa de ainda não ter sido usada. A prostituição ficou tão chique que os pais desejam suas filhas por lá, e até tem o poder de tornar seus praticantes em “famosos” “celebridades” e “escritores”.

Quanto menor noção tenha a pessoa sobre vida social, ou seja, quanto maior a sua ignorância, mais difícil se torna superar a ojeriza contra quem usa droga ou joga água fora da banheira. Interessante é notar que entre os homens há menor rejeição ao homossexualismo do que entre as mulheres, quando deveria ser o contrário porque para os homens um cara que não aprecia a preciosidade feminina é um concorrente a menos. Para as mulheres, entretanto, é um a mais.

A resistência inútil às mutações sempre foi causa de conflitos, e a poderosa cola com a qual foi pregada a religiosidade na mente do populacho é a maior e mais difícil ilusão que precisa ser extirpada do convívio humano. Alguém que se julga merecedor de milagres é por ser totalmente alheio à realidade da vida, trazendo em sua personalidade enorme dose de falta de percepção ou de pedantismo. Se a maioria absoluta da humanidade é composta por quem morre à míngua por falta do dinheiro escondido nos infernos fiscais, como provam as mortes pelo ebola, alguém como a candidata religiosa (infelizmente) que vai ganhar a eleição para presidente da república e que consulta a bíblia antes de tomar decisões difíceis, confirma com tal comportamento a continuação do desconhecimento que carrega como consequência de sua origem humilde, uma vez que superar a ausência de conhecimento sobre a realidade da vida custa caro e não chega a quem precisa batalhar para se sustentar. Ante tantas pessoas infelizes, alguém que se julga merecedor ou merecedora das proteções divinas e seus milagres é alguém que se acha mais merecedor do que as outras pessoas como um garotinho arrastado pelo asfalto até ficar esfolado e morrer em sofrimento sem merecer a atenção de nenhuma divindade.

A única coisa de que precisamos para viver melhor é encarar a vida com a simplicidade com que age a natureza. Entretanto, a necessidade de complicar, faz com que esta simplicidade se torne complexidade ao se acreditar que a beleza dos lírios do campo tem algo a ver com a religiosidade dos pobres de espírito e de conhecimento de sociabilidade. Cada ser humano é uma ilha num mar de falsidades. Estamos numa situação tão esquisita que nossa história é tocada por acasos, como diz o Arnaldo Jabor, que às vezes fala coisas sensatas mesmo sendo defensor do capitalismo, fonte de infelicidade e inquietação por se fundamentar na competição, quando a paz da qual nasce o bem-estar só pode ser alcançada através da cooperação necessária para não haver tanta discrepância entre as exibições na revista Forbes e nos corredores do hospital.

Tudo indica que do governo da presidente religiosa sairão soluções como as do papa uma vez que ninguém entende mais de bíblia do que ele. Entretanto, para mostrar ação, anda o papa a pedir paz aos que matam indistintamente inocentes crianças em nome de Deus. Alguém é capaz de admitir algum resultado desses apelos?

O amigão Edmilson Movér, o ensaísta, reclamou por eu ter atribuído nossa falta de sorte aos urubus, nossos amigos provedores de limpeza, segundo ele. Mas que estamos cagados de urubu, não resta dúvida. Inté.    

 

 

 

  

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