À notícia de que a Basílica de
Aparecida vai ser aberta para receber fiéis, na Folha de São Paulo, fiz o
seguinte comentário que não foi publicado: “Abrem-se porteiras para entrar a
manada”. Absolutamente nenhum igrejistas, axesista ou futebolista é capaz de
entender o motivo da censura, assim como não acreditará que se fosse capaz de
entender não haveria tanta miséria e sofrimento no mundo. Como não temo ser
ridicularizado pelos “sabichões” que discorrem brilhantemente sobre a questão
de saber se Jesus é deus, que Platão e Aristóteles divergiam quanto à
eternidade da ideia de uma coisa e sua perecibilidade material, e nem as razões
dos almofadinhas das letras para não se poder escrever chícara em vez de
xícara, mas que nada veem de errado em se escrever “fake news” em vez de
notícias falsas, vou ensinar a esta triste juventude a importância negativa que
representam para sua vida coisas aparentemente simples, mas que, na verdade dão
causa à violência, pobreza, falta de investimento em educação, gastos
extraordinários com igrejas e terreiros para axé e futebola. Vamos lá?
Todos sabemos ser o bem-estar a maior
aspiração de todo ser vivo, e que não se pode ter bem-estar sem ter dinheiro.
Constatada esta realidade indiscutível, por que, então, apenas algumas pessoas
da sociedade humana podem ter dinheiro com o qual ter acesso a bem-estar? Aristóteles
tinha percebido o erro de tal situação porque ingenuamente propôs distribuição
de dinheiro para que pobres pudessem superar a pobreza por meio de alguma
atividade. Trata-se de ingenuidade porque a existência de impossibilitados de
satisfazer suas necessidades também impossibilita que o agrupamento humano, ou
sociedade, tenha sucesso porquanto sua finalidade é justamente criar condições que
permitam a todos a possibilidade de poder satisfazer as necessidades, não
deixando de fora nenhum deles. Portanto, a existência de esmoleres, de quem
necessite de ajuda alheia, é indício de sociedade que não alcançou seu
verdadeiro objetivo, uma sociedade desorganizada.
São capciosos os argumentos dos
ajuntadores de riqueza de ser a pobreza fruto da inépcia porque como
justificativa não enche barriga, com justificação ou sem justificação a
inquietação de quem tem a barriga vazia provocará, de qualquer jeito, a inquietação
de quem a tem aos roncos, inviabilizando a harmonia social com a violência
indispensável à ação de solapar o que lhe falta de quem tem em excesso.
Daí é que se nunca deixou de haver
pobreza no mundo é porque o mundo sempre foi desorganizado. E assim continuará
enquanto não se compreender estar nesta desorganização a causa dos males que
infelicitam a humanidade iludida por um engendramento terrivelmente maldoso
montado para esconder a realidade atrás de mentiras monumentais. Como disse
quem pensa, a mentira muito repetida passa a ser verdade. A intocabilidade da
farsa religiosa protege o fanatismo religioso, braço direito do pão e circo com
o qual os ajuntadores de riqueza engabelam a manada de modo tão espetacular que
lhe vende feijão santo. Inté.
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