domingo, 19 de julho de 2020

ARENGA 636


Quando o historiador mencionou como uma das causas da Revolução Francesa a corrupção desenfreada na qual estava envolvida a cúpula dos altos dignitários da igreja na França, de modo tão escancarado e avassalador que dava impressão de ter a igreja francesa apodrecido até o cerne, ressalvou não serem todos corruptos e de haver entre eles quem fosse cumpridor de suas obrigações eclesiásticas. Com esta ressalva prestou um desserviço à humanidade por ser dever de toda pessoa esclarecida, como fizeram vários filósofos, com destaque para Nietzsche, combater a religiosidade como se combate praga porque não é menor o mal que dela provém ao induzir a humanidade ao terrível erro de se omitir de lutar por soluções esperando inutilmente que  elas caiam do céu. Daí a sábia observação de que duas mãos trabalhando são infinitamente mais úteis do que milhares de mãos postas em oração. Quem já viu um milagre aí, levanta a mão!
O trabalho de religiosos prejudica principalmente os desfavorecidos pela vida por serem os mais sujeitos a ludíbrios. Entre eles inexistem descrentes. Encaixa como luva na tipificação do artigo 171 do Código Penal que tipifica o crime de estelionato (de stelio, camaleão em latim, cuja pátria mãe foi a fonte do direito do mundo ocidente, inclusive o nosso). Como o camaleão que engana sua presa tomando a cor do lugar em que se encontra, também o estelionatário induz sua vítima a erro com intuito de obter vantagem como fazem os representantes de deus vendendo-lhes uma inexistente proteção divina cuja falsidade pode ser encontrada no exemplo de Paulo de Tarso e seu “SE DEUS É POR MIM, QUEM SERÁ CONTRA MIM?”, o que não passa de engodo porque esta suposta proteção não evitou que o senhor Paulo de Tarso fosse assassinado justamente por proclamar a vantagem da fé. Apenas este exemplo bastaria para convencer da fajutice desta tal de proteção divina não fosse o fanatismo dos esfarrapados mentais que levou o escritor e ensaísta Edmílson Movér a afirmar ter a humanidade desenvolvido genes da religiosidade. Se há exagero na afirmação do escritor, basta substituir os genes da religiosidade por genes transmissores da necessidade da religião, o que dá no mesmo, porquanto os pais não podem resistir à obrigação de iniciar seus filhos na religiosidade. Não se é religioso por convicção, mas por indução, uma vez que ninguém nasce religioso.
      

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