À medida que cresce o número de
livros na minha estante, mais evidencia o inexplicável desinteresse dos
intelectuais em ajudar a humanidade a perceber a necessidade de achar um
caminho que a leve para uma cultura que lhe possibilite viver com menos sofrimento.
Que papagaios de microfone tenham por missão evitar que o povo se esclareça,
isto se compreende porque além de incultos, eles o fazem em troca da despensa
abastecida. Por volta de 4:30 desta manhã, ouvi no rádio um papagaio de
microfone dizer que da Revolução Francesa resultou em uma nação livre, o que
não é verdade uma vez que contestações têm pipocado por lá a exemplo de l968.
Mas e os intelectuais, o que será que justifica sua omissão em ajudar a remir
da indigência intelectual o pobre povo em seu comportamento de manada? Em
linguagem tão distante do pobre povo, os intelectuais parecem escrever só para
intelectuais. O primeiro volume de OS DONOS DO PODER, do intelectualíssimo
Raimundo Faoro começa assim: “Nicht nur der Vernunft von Jahrtausenden – auch
hr Wahnsinn bricht an uns aus. Gefärlich ist es, Erbe zu sein.”, passando
em seguida a discorrer até com enaltecimento o fato de ter sido o reino de Portugal fruto
de vitórias obtidas em guerras, como se houve mérito em “ter nascido com uma
espada na mão”. Heroísmo haveria na capacidade de superar os questionamentos sem
sacrificar as famílias desfalcando-as dos filhos mortos nas guerras.
No livro ERA DOS EXTREMOS, outro
intelectualíssimo, Eric Hobsbawn, refere-se às décadas de 1950 e 1960 como anos
dourados face à estabilização do capitalismo, a expansão econômica e profundas
transformações sociais, afirmando que a chegada dos anos 1990 teria trazido o
começo de uma nova era. Mas a verdade é que o único evento que poderia ter sido
realmente auspicioso para o país ocorrido na década de 1950, a fundação da
Petrobrás, como também o capitalismo e a expansão econômica vieram a se mostrar
uma forma de tirar o pouco que de quem tem pouco para aumentar o muito de quem já
tem muito. Pasadena, malas, cuecas, pastas, bolsos e meias abarrotados de
dinheiro são exemplos desta realidade.
Daí não se necessitar de
intelectualismo estéril sobre sexo dos anjos, mas da praticidade de um trabalho
visando substituir a indiferença coletiva pelo interesse em saber, por exemplo,
a quantidade de dinheiro das emendas parlamentares que tem aplicação correta
porque o que fica pelo caminho deve ser algo espantoso porquanto em 2010 o
jornalista Carlos Amorim, na página 32 de ASSALTO AO PODER, diz que naquela
época a corrupção correspondia a 200 bilhões de reais (20% do PIB). A quanto
não andará isto atualmente? Faz-se necessário, portanto, não poupar esforço na
tentativa de fazer ver à massa bruta de povo que enquanto ela faz oração, baila
no axé e no futebola, não atenta para o fato de se esvair numa sangria
incontida o dinheiro que se bem aplicado proporcionaria bem-estar social e
individual. Inté.
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