terça-feira, 21 de julho de 2020

ARENGA 638


Nunca será demais dedicar a capacidade mental, por menor que seja, a um esforço voltado para superar duas forças gêmeas verdadeiramente malignas que impedem a humanidade de avançar para a civilização: a religiosidade e o analfabetismo político. Se ambas dependem da ignorância, é natural que procurem perpetuá-la. Enquanto a religiosidade precisa de quem compre feijão santo, e proseie com estátuas, a política precisa de quem se ligue em “famosos”, “celebridades”, igrejas, axé, futebola e as notícias do Yahoo ilustradas com fotos do “famoso” Belo com a imensa bunda da mulher seminua encostada na rola e as mãos nos peitões de silicone no lugar do sutiã. Mentalidades tão baixas não se ligam em não se verificarem as promessas de felicidade da religião e nem na tolice que é deixar a cargo de políticos rapaces a responsabilidade de tomar conta do dinheiro para gastos públicos.

Estudar significa apenas aprender para responder as perguntas dos professores nos exames que habilitam adquirir uma profissão para ganhar dinheiro. Nada mais que isso. Nunca se viu um examinando levantar ante o examinador a insensatez de ter a Rússia na Segunda Guerra Mundial arregimentado quinze milhões de homens para lutar. E depois, quando responsáveis pelas próprias despesas, portanto, cientes da importância do dinheiro, nem mesmo aos russos ocorre pensar quanto teria custado a seus pais comprar para quinze milhões de homens comida, bebida, vestes, calçados, remédios, barbeadores, local onde cagar, mijar, tomar banho, sabonete, toalha, escova e pasta de dente, fuzil, pistola, balas e xoxota onde descarregar a tensão da tesão para que pudessem brigar em paz. Tal alheamento tanto confirma que Hemingway estava certo quanto explicou o motivo pelo qual é desnecessário perguntar por quem os sinos dobram quanto certo também o poeta ao comparar a humanidade a manada porquanto nunca se viu um boi ligado no custo do pasto.

As mentes menos atrofiadas do mundo da papagaiada de microfone têm consciência de levantar expectativa quanto a decisões de autoridades apenas por cumprimento do dever de falar. Só toupeiras mentais ainda não perceberam que milionários não optariam por emprego. O que os leva a ocupar cargo de autoridade nada tem a ver com bem-estar social. Vão prá lá levados pela necessidade imperiosa de pose exigida pelo complexo de desembargador.  
  


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