Por volta de meados do século
passado, na minha então Itapetinga de agradáveis lembranças, no Cine Glória,
que ficava no Ponto Certo, quando não se falava ainda em televisão, e nos
cartazes apoiados nos postes de luz lia-se Tecnicolor, quando o filme era
colorido, e quando apesar de menino semianalfabeto tinha eu a mesma mentalidade
dos adultos de hoje, assisti a um filme que mostrava uma senhora ao pé de um rádio
e uma pilha de remédios que ia tomando um a um à medida que no rádio o papagaio
de microfone recomendava. Para nós era motivo de risadas, do mesmo modo como
seria hoje para os adultos atuais diante da mesma cena. Mas aquilo, para quem
superou a fase mentalmente inferior de frequentador de igreja, axé e futebola,
objetivava mostrar a condição de manada que caracteriza a humanidade. Como tal,
além de hilaridade, devia provocar em todos a mesma reflexão que provoca em quem
se ligou nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber e se tornou capaz de
entender o que quis dizer Nietzsche quando disse que quanto mais nos elevamos,
menores parecemos aos olhos de quem não sabe voar.
Não sabe voar quem não entende coisas
como os recados dos pensadores. O mesmo historiador citado também nos deu importante
recado quando ao falar da Revolução Francesa usou a expressão “uso da espada
canônica” para se referir ao uso que a política faz da religião na arte satânica
de parasitar o povo inocente capaz de comprar feijão milagroso.
Até hoje a humanidade se mostra
incapaz de reconhecer a farsa monumental da religiosidade que a envolve e que representa
apego ao retrógrado e ojeriza ao novo, razão pela qual a menor religiosidade
dos gregos antigos ter sido a razão pela qual aquele povo superou os demais da
época na atividade mental. Esta observação não pode ser contestada ante a
realidade de ser mais forte a religiosidade onde também é mais forte a
ignorância, fato que apesar de importantíssimo é ignorado pela massa bruta de
povo cujo peso determina o rumo a ser seguido por todos.
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